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Eduardo Amorim e Emília Corrêa: quando o que se diz é diferente do que se faz

Emília Corrêa e Eduardo Amorim

No início do ano, logo após a posse de Emília Corrêa (PL) como prefeita de Aracaju, o ex-senador Eduardo Amorim divulgou um vídeo público afirmando que seu apoio à campanha da então candidata não havia sido condicionado a nenhum tipo de contrapartida. “A única coisa que pedi foi que ela fizesse uma boa gestão, porque os aracajuanos merecem”, disse, na ocasião.

No entanto, os fatos que se sucederam indicam uma realidade mais complexa e menos altruísta do que o discurso sugere. Ainda nas primeiras semanas da nova gestão, nomes próximos ao clã Amorim começaram a ser anunciados como parte do alto escalão da prefeitura. Um dos primeiros foi o de Edna Amorim, irmã de Eduardo e do ex-deputado Edivan Amorim, presidente estadual do PL e um dos principais articuladores do grupo político que atua nos bastidores da gestão municipal.

Outro nome de destaque na equipe da prefeita é o do procurador-geral do município, Hunaldo Mota, advogado de longa data da família Amorim. Também compõe a gestão Nelson Felipe, nome ligado ao grupo desde os tempos do ex-prefeito João Alves Filho.

A aliança ganhou contornos oficiais nesta semana com o anúncio do apoio de Emília Corrêa às pré-candidaturas ao Senado de Rodrigo Valadares e Eduardo Amorim. O discurso adotado agora é de que a prefeita teria convencido o ex-senador a disputar o cargo, numa tentativa de suavizar a narrativa. A construção, no entanto, não resiste à simples observação da movimentação política de Amorim nos últimos meses, com maior presença nas redes sociais e na agenda política estadual, um reposicionamento que dificilmente seria fruto do acaso.

O episódio reforça o velho ditado da política: não existe almoço grátis. Ainda que os discursos apontem para intenções nobres, os fatos, amplamente documentados, revelam acordos, alianças e articulações estratégicas que confirmam que o apoio dado na eleição não foi exatamente gratuito, tampouco desinteressado.