A ocupação do plenário do Senado por parlamentares bolsonaristas terminou nesta quarta-feira com o anúncio de que 41 senadores assinaram um ofício pedindo ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre, a rápida análise do pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Apesar do movimento, nos bastidores a avaliação é de que a iniciativa não tem qualquer chance real de prosperar.
O próprio senador Ciro Nogueira (PP-PI) deixou isso claro. Em entrevista à GloboNews, afirmou que, mesmo que houvesse apoio de 80 senadores, a abertura do processo depende exclusivamente da vontade de Alcolumbre, que já sinalizou que não vai levar o pedido adiante. Ele também destacou que, para ser aprovado, o impeachment precisaria de 54 votos, número distante do cenário atual.
Ao comentar o assunto publicamente, Alcolumbre evitou fechar a porta de imediato. Disse que não se trata apenas de uma contagem de assinaturas, mas de uma análise jurídico-política que leve em conta justa causa, provas, adequação legal e viabilidade. Afirmou ainda que qualquer solicitação será examinada com seriedade e responsabilidade.
Nos corredores, porém, a leitura é outra. Senadores próximos à presidência do Senado afirmam que o caso não deve sequer entrar na pauta. A postura pública de Alcolumbre é vista como um gesto para evitar desgaste com a oposição, enquanto, na prática, o destino do pedido já estaria selado.
Com isso, a ação se soma a outras tentativas frustradas de setores bolsonaristas no Congresso de confrontar ministros do Supremo. A expectativa é de que, assim como em episódios anteriores, o processo contra Moraes fique restrito aos arquivos da Casa.