Depois de meses falando de um misterioso “Sistemão” que supostamente trava suas ações e inviabiliza suas candidaturas, o Partido Liberal (PL) em Sergipe parece ter dado nome e rosto ao seu vilão. O prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, rompeu o tom enigmático que predominava e, em entrevista a uma rádio local, acusou abertamente o Governo do Estado e parte da imprensa de atuarem para minar sua gestão e frear seus planos políticos.
Na fala, endossada nas redes sociais pelo deputado estadual Marcos Oliveira (PL), Valmir sugeriu que a “perseguição” começou quando seu nome passou a ser cogitado como possível adversário do governador em 2026. “Aí veio o arsenal do Estado pra cima de Valmir… a imprensa vive em defesa de um governo falido”, disparou. Na mesma tacada, atacou a credibilidade da cobertura jornalística, reduzindo denúncias e questionamentos legítimos a supostas manobras articuladas para “desqualificá-lo”.
A tática de transformar qualquer crítica ou apuração em prova de perseguição política não é novidade dentro do PL sergipano. A prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, outra liderança de peso do partido, também já recorreu a esse recurso, mas com um detalhe: prefere manter o “Sistemão” como um fantasma sem rosto, alimentando a comoção sem apontar diretamente o alvo.
O discurso, embora adaptado a estilos diferentes (mais direto e explosivo no caso de Valmir, mais sugestivo e calculado no de Emília), segue a mesma cartilha: apresentar-se como vítima de forças poderosas e invisíveis, transferindo a narrativa de erros administrativos ou polêmicas políticas para um enredo de combate contra um suposto inimigo comum.
A jogada é arriscada. Ao mesmo tempo em que mobiliza apoiadores fiéis, pode também gerar desgaste junto ao eleitorado que espera soluções concretas e clareza sobre quem, de fato, estaria por trás desse “Sistemão” e quais provas sustentam tais acusações.
A pergunta que fica é: agora que Valmir deu nome ao inimigo, Emília Corrêa seguirá na mesma linha ou continuará preferindo o jogo nebuloso das insinuações, colhendo dividendos políticos sem assumir diretamente a acusação?