O PSOL sergipano tem intensificado movimentos públicos em busca de uma frente de esquerda para as eleições de 2026, mas encontra o PT em postura cautelosa, evidenciando as complexas articulações políticas que se desenham no estado. Há cerca de 20 dias, o PSOL divulgou uma carta aberta às eleições, praticamente convocando o PT a formar uma aliança para garantir representatividade progressista diante do que classificam como avanço do bolsonarismo em Sergipe.
O vereador Iran Barbosa, lançado como pré-candidato ao Senado pelo PSOL, tem concedido entrevistas a diversos veículos defendendo a importância da união com o PT. A deputada estadual Linda Brasil também demonstrou publicamente essa aproximação ao comparecer à posse de Rogério Carvalho como presidente estadual do partido e publicar fotos e stories nas redes sociais, destacando ter sido “convidada por dispositivo”.
Contudo, o silêncio do PT em relação a essas investidas chama atenção. Figuras centrais da sigla, incluindo o próprio Rogério Carvalho, que preside o PT estadual, mantêm postura discreta nas redes sociais sobre qualquer aproximação com o PSOL. A estratégia parece clara: não comprometer um possível acordo com o governador Fábio Mitidieri para as próximas eleições.
A confirmação dessa tática veio na própria fala de Rogério Carvalho em programa da TV Atalaia na semana passada, quando declarou: “Eu estou aqui para montar e trabalhar num palanque do presidente Lula, do PT, para reeleição do presidente Lula. E se isso for numa aliança com o PSD, estaremos juntos nessa batalha”.
A declaração escancara o dilema petista: de um lado, a pressão histórica por unidade da esquerda; de outro, a pragmática possibilidade de compor com o governador, que tem demonstrado habilidade como “agregador político”. Para o PT, uma eventual parceria com o governo estadual dificilmente incluiria o PSOL, a não ser que Fábio Mitidieri conseguisse convencer todas as forças a se juntarem em um projeto único.
O cenário revela as tensões inerentes à política sergipana, onde ideologia e pragmatismo se chocam na construção de alianças eleitorais. Enquanto o PSOL aposta na mobilização pela unidade progressista, o PT calcula os custos e benefícios de cada movimento, mantendo-se estrategicamente em silêncio até definir qual caminho oferece melhores perspectivas eleitorais para 2026.