Governador determinou revisão urgente e auditoria na manutenção de todas as adutoras do estado, além da inspeção completa das linhas da Deso
O governador Fábio Mitidieri comandou nesta terça-feira, 16, a última reunião do Comitê de Gerenciamento de Crises do Governo do Estado, que acompanhou de perto a evolução do abastecimento de água em Aracaju e região metropolitana após o rompimento da Adutora do São Francisco, em Capela. Os serviços de reparo no segundo trecho de rompimento foram finalizados na última segunda-feira, 15, com o fornecimento sendo gradualmente retomado à população por meio da concessionária Iguá Sergipe.
Na reunião, foram apresentados os levantamentos técnicos sobre a situação e detalhadas as ações já executadas para restabelecer o fornecimento. Neste sentido, Fábio determinou um pacote de medidas estratégicas: revisão urgente de todas as adutoras do estado; inspeção completa de todas as linhas da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso); e auditoria no serviço de manutenção das adutoras, garantindo maior controle e prevenção de novos incidentes.
O governador destacou a celeridade com a qual foi realizado o serviço. “Não é a primeira adutora que rompe, a gente sabe que esse tipo de coisa infelizmente pode acontecer, mas a atuação dirigente e ágil do governo fez toda a diferença. Obviamente, peço desculpas à população, mas a gente, em apenas três dias, conseguiu resolver um problema de dois rompimentos em áreas de difícil acesso das adutoras. Determinei também que seja feita uma inspeção em todas as linhas das adutoras e, da mesma forma, uma auditoria no serviço de manutenção prestado pela Deso nessas áreas, para evitar novos rompimentos, com uma prevenção um pouco mais tranquila à população”, afirmou.
Ele também salientou o trabalho conjunto de todas as partes envolvidas no Comitê. “Desde a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Sedurbi, Agrese, Deso e a própria Iguá, todos se prontificaram a ajudar. Nós convocamos o Comitê de Crise após o segundo rompimento, porque entendemos que haveria uma expansão maior. Convidei os prefeitos da Grande Aracaju para acompanhar, e que a gente tivesse uma comunicação única do que estava acontecendo. Era hora da gente mostrar serviço, e todo mundo agiu dessa maneira para apresentar a solução já definitiva”, acrescentou Fábio.
Outro ponto colocado na reunião é que os dias sem oferecimento do serviço não serão cobrados nas contas de água da população ao final do mês. O governador pontuou que esse procedimento já é previsto neste tipo de cenário, e foi reforçado via portaria publicada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe (Agrese).
“Quando a água não é fornecida, você não paga. Inclusive a portaria da Agrese já trata desse assunto, dando uma garantia maior à população. Ela também trata de outros pontos, como não distribuir água não potável, pois você pode estar criando um segundo problema. Há uma série de situações, mas queremos tranquilizar a população e reforçar que não se tem cobrança daquilo que não foi fornecido”, ressaltou Mitidieri.
Ao destacar os investimentos que vêm sendo feitos pela Deso, o governador também reforçou a cobrança ao Governo Federal para a inclusão de recursos no PAC da terceira linha da Adutora do São Francisco, obra essencial para a segurança hídrica de Sergipe. “Existe o Águas para Sergipe, que é um programa do governo com mais de R$ 300 milhões de investimentos da Deso, que foi destinado, no primeiro momento, à distribuição. A Estação de Tratamento do Poxim, que hoje distribui 1.800 metros cúbicos por dia, foi licitada e estamos dependendo da ordem de serviço no próximo mês, sendo ampliada para 5.400 metros cúbicos por dia, triplicando a produção. E temos uma nova adutora saindo de Propriá até Aracaju, parceria com o Governo Federal em fase final de garantia de recursos. O fato é que a Deso tem investido e redirecionado seus investimentos para a captação”, detalhou.
Trabalho multidisciplinar
A resolução do problema do rompimento se deu por meio de um trabalho célere e multidisciplinar, envolvendo diversas frentes. A instalação do Comitê de Gerenciamento de Crises pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi) se deu no domingo, 14, e em menos de 48 horas foi encerrado.
“Com a chegada e o retorno do governador Fábio Mitidieri, foram expostas todas as atividades realizadas até agora, e se deu por finalizado o Comitê. Se a gente colocar que o segundo rompimento aconteceu no final da tarde de domingo, e a situação com todos os serviços foi concluída na segunda, a ação foi feita em 24 horas, um tempo muito satisfatório. Isso é fruto da união de esforços com o Comitê, para que houvesse uma junção de ideias”, afirmou o secretário da Sedurbi, Luiz Roberto Dantas.
Durante o período de desabastecimento, o Governo do Estado acionou medidas emergenciais. A adutora alternativa de 1.000 milímetros foi utilizada para permitir o desvio parcial da água e manter o fornecimento gradual em alguns bairros da Grande Aracaju. Paralelamente, um esquema especial com caminhões-pipa foi montado. Ao todo, 82 veículos distribuíram água potável em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs), maternidades, escolas, creches, abrigos, delegacias e unidades de segurança.
A Adutora do São Francisco é de responsabilidade da Deso, que a pedido do governador, irá investir ainda mais não só nesta, mas em outras adutoras pelo estado. “Agora, fica por parte da Iguá fazer a execução, manobras e controlar todo o sistema nos 42 bairros de Aracaju e cidades vizinhas. Também fica a missão para a Deso de investir ainda mais no monitoramento, no laudo das adutoras, principalmente de grande porte. O trabalho de agora é para que não aconteça novamente”, afirmou o diretor-presidente da Deso, Luciano Goes.
Apesar de não ser a responsável pela Adutora em questão, a Iguá Sergipe contribuiu com o acompanhamento da situação e o fornecimento de caminhões pipa para abastecer a população de forma temporária – inicialmente com 40, e depois com outros 60 apenas da Iguá, sendo 82 ao total. Segundo o diretor-geral da empresa, Fernando Vieira, o momento atual é de retorno gradativo do sistema.
“Naturalmente, as regiões mais afastadas e mais altas levam um pouco a mais de tempo, mas majoritariamente quase toda a cidade está abastecida, principalmente a região metropolitana. Desde a última sexta-feira, quando soubemos do evento, disponibilizamos carros pipas, mas isso é uma ação de praxe para a Iguá. Foram priorizados os serviços essenciais, e fizemos um esforço coordenado para minimizar esses impactos”, disse ele.
Articulação dos municípios
Uma vez que o problema atingiu os municípios da região metropolitana, o Governo de Sergipe convidou as prefeituras de Aracaju, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora do Socorro a participar do Comitê de Crises. As gestões municipais saíram satisfeitas com o trabalho comandado pelo Estado, destacando o rápido tempo de resposta na ação.
“O saldo é muito positivo, visto que o problema foi solucionado. Essa somação de esforços foi importante, porque a prefeitura era bem cobrada pelo problema ser localizado em Aracaju. A gente direcionou tudo aqui no Comitê em busca da solução, e tivemos o apoio emergencial para direcionar os carros-pipas às escolas, Unidades Básicas de Saúde, casas-lares que a gente tem no município”, destacou Diego Rios, diretor de jornalismo da Prefeitura de Aracaju, que representou a gestão da capital na reunião.
Já o prefeito da Barra dos Coqueiros, Airton Martins, reforçou a celeridade na recuperação. “Eu quero parabenizar o comitê, com todos que fizeram parte. A Deso resolveu a situação em tempo recorde. Quando nós estávamos pensando em ações de suspensão de aulas, postos de saúde, entre outros, a água voltou. Agradeço ao governador e ao Governo do Estado, pois o tempo de resposta foi bem satisfatório”, considerou.
Rompimento
A Adutora do São Francisco, de 1.200 milímetros de diâmetro, sofreu um rompimento na última sexta-feira, 12, após o desabamento da estrutura de concreto que sustentava a tubulação aérea. No domingo, 14, ocorreu uma nova ruptura pouco depois da liberação parcial do fornecimento de água tratada para a Estação de Tratamento João Ednaldo, em Nossa Senhora do Socorro.
O impacto do rompimento atingiu cerca de 210 mil residências em Aracaju, 60 mil em Nossa Senhora do Socorro e 9 mil na Barra dos Coqueiros. As ações de recuperação foram direcionadas pelo Comitê de Gerenciamento de Crises, que atuou de forma integrada e ágil para solucionar o problema.