A prefeita de Aracaju destacou recentemente a decisão da prefeitura de contratar um veículo blindado para seu uso, reconhecendo o desconforto que a medida pode gerar em parte da população. Em um posicionamento transparente, ela explicou que, embora entenda as muitas demandas da cidade e o impacto dos gastos públicos, a segurança institucional é uma prioridade que não pode ser negligenciada.
Ela ressaltou que, em sua trajetória pública de mais de 30 anos, incluindo atuação como defensora pública e dois mandatos como vereadora, sempre esteve próxima das pessoas e sem necessidade de proteção especial. Entretanto, o cargo atual de prefeita de uma capital impõe novos desafios e riscos que justificam a proteção adicional. “Não vou esperar acontecer o pior para depois priorizar”, afirmou.
Com base na Constituição Federal e em legislações específicas como o decreto 6044/2007 e a lei 14.192/2021, a chefe do executivo explicou que o Estado tem o dever de garantir a segurança de suas autoridades, especialmente diante do crescimento da violência política. Dados do Observatório da Violência Política e Eleitoral apontam para 76 assassinatos de lideranças políticas no Brasil em 2024 e mais de 500 casos de violência ou ameaça desde 2019.
A prefeita também abriu espaço para destacar a violência política e de gênero enfrentada pelas mulheres na política brasileira, citando que 66% das prefeitas já sofreram algum tipo de violência desse tipo e que quase metade experimentou violência psicológica. Ela é a primeira mulher a governar Aracaju em 170 anos e revelou que já foi alvo de ameaças, inclusive registradas formalmente.
O uso do carro blindado, comum entre presidentes, governadores e prefeitos de outras capitais, especialmente homens, quando adotado por uma mulher, enfrenta questionamentos com contornos de desconfiança, refletindo preconceitos relativos à presença feminina em posições de poder. A prefeita reforçou que todos os questionamentos legais sobre a contratação foram respondidos com total transparência, seguindo normas de licitação e dispositivos legais.
Por fim, a gestora afirmou que a proteção não é um luxo ou privilégio, mas uma medida de responsabilidade, amparada em lei e no compromisso de garantir a segurança pessoal e a estabilidade da administração pública. “Esta decisão é para proteger a gestão e a estabilidade da cidade”, concluiu, pedindo ainda união em oração pela cidade.