A Câmara de Vereadores de Propriá deve votar, nos próximos dias, o projeto de lei que autoriza a criação da Loteria Municipal, iniciativa que segue o exemplo de outras cidades sergipanas. Mas, diferentemente do que foi visto em propostas semelhantes no estado, a Prefeitura de Propriá apresentou um compromisso social que chama atenção.
No ofício enviado à Câmara para fundamentar o projeto, a gestão municipal destacou que o município se compromete a desenvolver campanhas permanentes de conscientização sobre os riscos do jogo abusivo, com foco especial em jovens e grupos vulneráveis. O financiamento dessas ações virá justamente de parte da arrecadação da loteria.
O texto diz: “Compreendemos que o tema também envolve preocupações sociais legítimas quanto ao risco de vício e uso descontrolado dessas plataformas. Por isso, o Município de Propriá desde já se compromete a desenvolver campanhas permanentes de conscientização sobre os riscos do jogo abusivo, com enfoque educativo e preventivo, especialmente voltado a jovens e grupos vulneráveis. Tais ações serão financiadas com parte dos recursos arrecadados, promovendo equilíbrio entre o benefício econômico e o compromisso social.”
O projeto não foge à polêmica nacional sobre o avanço das apostas, especialmente as digitais, que já dominavam o país antes mesmo da regulamentação recente aprovada pelo Congresso. O ponto destacado pela Prefeitura de Propriá, no entanto, traz uma reflexão necessária: o combate ao vício em jogos não se faz apenas com leis ou proibições, mas com educação e conscientização.
A lógica é simples. A maioria das pessoas que não aposta em jogos de azar evita essa prática por consciência dos riscos, não porque o Estado proíbe ou restringe. Essa consciência é fruto de informação e educação, não de repressão.
Diante do impacto social crescente das bets e da compulsão que muitos brasileiros já enfrentam, iniciativas como essa proposta em Propriá, se levadas a sério, podem representar um novo caminho para o poder público. Um modelo que busca equilibrar receita municipal com responsabilidade social, criando instrumentos para mitigar os danos e prevenir novas vítimas do vício.
Em um país onde as apostas já se tornaram parte do cotidiano e da publicidade, investir em campanhas educativas não é apenas necessário, mas urgente. Propriá, se avançar com essa proposta concreta de conscientização, pode dar um exemplo importante para outros municípios sergipanos e brasileiros.