Circula nas redes sociais a alegação de que a licitação do transporte público em Aracaju, “cancelada” pela gestão da prefeita Emília Corrêa e do vice Ricardo Marques, traria um reajuste da tarifa de R$ 4,50 para R$ 8,43. No entanto, uma checagem nos documentos oficiais do Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) revela uma realidade diferente da propagada.
O valor de R$ 8,43, citado tanto por Emília quanto por Ricardo, realmente consta na página 17 do documento do processo licitatório 12.629/2024, mas ele se refere ao custo de remuneração das empresas operadoras. Esse número representa o custo total do sistema por passageiro, considerando itens como manutenção da frota, operação e investimentos. Trata-se de um valor que será parcialmente coberto com recursos públicos, via subsídio.
Na prática, o valor que incidiria sobre o bolso do passageiro, de acordo com o mesmo documento, é de R$ 5,00. Essa informação está clara na página seguinte (18) do relatório, onde consta a “tarifa de uso” destinada ao usuário. Ou seja, diferentemente do que vem sendo compartilhado, a nova licitação não implicaria diretamente em uma passagem de R$ 8,43. Acesse o documento na íntegra AQUI.
Entenda o contexto
A desinformação ganhou força após a prefeita de Aracaju fazer uma live no último sábado, 2, argumentando o aumento do valor pago pelos usuários do transporte público, caso a licitação passasse a valer em decorrência da recomendação do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe.
De cordo com o conselheiro Flávio Conceição, há um entendimento no TCE de que o “cancelamento” da licitação do transporte público foi feito de forma unilateral pela prefeita Emília Corrêa, sem participação dos demais envolvidos do CTM na decisão de não seguir com o contrato das empresas que venceram o processo licitatório no final de 2024. Leia a matéria do TCE AQUI.
A estratégia tem sido argumentar, de maneira distorcida, que a licitação estaria impondo um aumento abusivo ao cidadão aracajuano. No entanto, o próprio portal oficial do CTM (ctm.se.gov.br), que disponibiliza todos os documentos da licitação, mostra que o valor para o consumidor não ultrapassaria os R$ 5,00.
Além disso, a previsão de subsídios é parte de um modelo já adotado por diversas cidades do país para garantir a sustentabilidade do sistema e a manutenção de tarifas acessíveis. Isso é diferente de simplesmente repassar o custo cheio do transporte para a população.
O episódio revela uma tentativa clara de manipular a opinião pública por meio de uma leitura seletiva e mal-intencionada de dados técnicos. A crítica política é legítima e necessária, mas precisa estar baseada em fatos. A população merece saber a verdade para poder formar sua opinião com responsabilidade.