Governador mexe as peças e cria impasse dentro da oposição na Alese
O cenário político sergipano ganhou novos contornos nos últimos dias com a estratégia do governador Fábio Mitidieri (PSD). Ao convidar a deputada estadual Kitty Lima (Cidadania) para ser vice-líder do governo na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), o governador não apenas fortaleceu sua base, mas também impôs um dilema a um dos principais nomes da oposição no Parlamento: Georgeo Passos (Cidadania).
A movimentação criou um impasse dentro do próprio partido comandado por Georgeo, em Sergipe. Enquanto a legenda está formalmente no bloco oposicionista, Kitty agora se vê alinhada ao governo. A reação do deputado veio rapidamente, e ele deixou claro que a parlamentar precisará escolher entre seguir com o partido ou aceitar oficialmente a posição dentro da base governista.
Uma jogada política calculada
Até aqui, Georgeo Passos vinha conseguindo se consolidar como um dos principais articuladores da oposição na Alese. Mesmo que o título de “líder da oposição” seja do deputado Paulo Júnior (PV), a postura contundente de Georgeo, fazendo sucessivas (e incisivas) cobranças ao governo, tem garantido a ele um papel de destaque, na bancada da Assembleia, na mídia sergipana e, obviamente, nas redes sociais.
No entanto, o convite Kitty Lima para a vice-liderança do governo representa um golpe na estratégia do parlamentar. Se ela aceitar o convite, o Cidadania, que já tem uma presença reduzida na Alese, passará a viver uma contradição interna: será um partido que projeta a liderança da oposição, mas com uma deputada exercendo função estratégica dentro do governo.
E a reação de Georgeo evidencia o impacto da manobra. Em mensagens no grupo de WhatsApp “Café com Política”, ele cobrou coerência partidária e sugeriu que, caso Kitty aceite o cargo, deveria sair do Cidadania. Mais do que um desentendimento interno, essa crise coloca Georgeo numa posição delicada. Afinal, se não conseguir manter a unidade dentro do próprio partido, como poderá articular uma oposição forte contra o governo?
O efeito prático da jogada de Fábio
O movimento do governador teve um efeito duplo: além de atrair Kitty Lima para sua base, ele expôs uma fragilidade da oposição. Enquanto Georgeo tenta estruturar um bloco combativo contra o governo, a estratégia de Fábio Mitidieri provocou uma fissura dentro desse grupo, gerando um desgaste interno e desviando o foco da pauta oposicionista para uma crise dentro do próprio Cidadania.
Isso se torna ainda mais relevante no contexto atual. Recentemente, Georgeo demonstrou preocupação com a falta de movimentação da oposição e chegou a sugerir o nome do atual vice-prefeito e secretário de Comunicação de Aracaju, Ricardo Marques, para a disputa ao governo em 2026. Agora, porém, sua atenção está voltada para um problema interno que pode enfraquecê-lo como um dos principais articuladores oposicionistas na Alese.
Kitty Lima aceitará o cargo?
O desfecho desse episódio ainda é incerto, mas o cenário aponta para um enfraquecimento do bloco oposicionista. Se Kitty Lima aceitar a vice-liderança do governo, o Cidadania terá que lidar com uma parlamentar que, na prática, votará com a base governista, mas que ainda está filiada a um partido que se diz de oposição.
A reação de Georgeo, por sua vez, demonstra que ele vê esse movimento como uma ameaça direta à coerência e à força da oposição na Alese. Mas, independentemente do que aconteça, o fato é que a jogada de Fábio Mitidieri foi certeira: ele conseguiu desestabilizar Georgeo e expor uma rachadura dentro do campo oposicionista.
Enquanto isso, o governador avança no tabuleiro político, consolidando sua base e dificultando ainda mais a articulação de seus adversários.