Dark Mode Light Mode

Bancos Comunitários são opção para acesso ao crédito e sucesso nos pequenos negócios

Duas manicures, três confeiteiras, cinco pequenos comerciantes e um vendedor de água de coco. Bastam onze pessoas para formar um Banco Comunitário (Foto: criada com IA)

Duas manicures, três confeiteiras, cinco pequenos comerciantes e um vendedor de água de coco. Bastam onze pessoas para formar um Banco Comunitário, num modelo conhecido mundialmente como village banking. É assim que funciona uma das frentes de atendimento do Crediamigo, o programa de microcrédito urbano do Banco do Nordeste.

Criado em 2014, o Crediamigo Comunidade totalizou R$ 3,4 milhões em mais de 3.600 operações de microcrédito, destinadas a empreendedores de todos os 75 municípios de Sergipe e três da Bahia que fazem divisa com o estado. O valor representa 7% de todo o montante desembolsado pelo programa na área geográfica, que alcançou R$ 486 milhões.

Hoje, existem 166 bancos comunitários do programa em Sergipe. O principal destaque é a sede de Carira, que além do município, atende às cidades baianas de Pedro Alexandre e Coronel João Sá. Na região, foram feitos 2.010 desembolsos que totalizam R$ 1,9 milhão em microcrédito em 2024. O alcance é de 55,8% do total de operações com bancos comunitários pelo escritório do Crediamigo em Sergipe. Ao todo, são mais de R$ 30 milhões na área de atuação, que inclui os nove estados nordestinos, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Onze pessoas fazem parte do Banco Malhada Nova, localizado no povoado homônimo, no município de Pedro Alexandre, a 61 km de Carira (Foto: Arquivo da comunidade)

Cada banco comunitário recebe um nome de batismo, escolhido pelos empreendedores. É o caso do Banco Malhada Nova, que fica no povoado homônimo, em Pedro Alexandre (BA). Entre as 11 pessoas que compõem o grupo, está a professora Aparecida Varjão, que utiliza o empréstimo do programa para produzir salgados para festas e, assim, garante uma renda extra.

“Conheci a iniciativa por meio de amigos, que me convidaram para uma reunião, onde aprendi sobre todo o funcionamento. A partir daí, usei os recursos para comprar a matéria-prima, ou seja, ingredientes e materiais permanentes para fazer os salgados. Foi assim que passei a melhorar o orçamento mensal, para as necessidades da minha família”, revela Aparecida.

O Banco do Descoberto conta com 12 empreendedores e fica no povoado Descoberto, em Carira (Foto: Arquivo da comunidade)

No povoado Descoberto, em Carira, 12 pessoas formam um banco no mesmo modelo, batizado como Banco do Descoberto. No grupo há 11 anos, Valdemir Lima viu a oportunidade de iniciar a produção de cereais. Há três anos como líder do grupo, ele destaca a importância do programa no desenvolvimento de pequenas comunidades. “Descobri o trabalho através da associação de moradores do povoado Perdido, aqui em Carira. Comecei a trabalhar sem condição alguma, e o Crediamigo me deu a chance de ampliar o meu negócio”, diz o produtor.

O modelo de banco comunitário contagiou outros moradores do povoado Descoberto, em Carira. Na foto, outros empreendedores que ingressaram no Banco do Descoberto (Foto: Arquivo da comunidade)

Metodologia

Com objetivo de facilitar o acesso ao crédito a empreendedores de baixa renda, os Bancos Comunitários se destacam por oferecer oportunidades de financiamento de atividades produtivas nos setores da indústria, comércio e serviços, por meio de microcrédito em grupo para capital de giro produtivo.

Para construção do modelo, é necessário de 11 a 30 empreendedores individuais que avalizem e garantam a operação de crédito de forma solidária, para que até 40% dos integrantes possam iniciar as atividades produtivas. Além disso, os membros devem residir na comunidade há pelo menos seis meses e devem pertencer ao mesmo município.

O gerente de negócios do Crediamigo em Sergipe, Pedro Ivo Ramos, reforça que o programa é uma ferramenta poderosa para impulsionar o comércio local, porque gera emprego e renda.

“As comunidades têm registrado ótimo crescimento econômico e social, com a criação e evolução dos bancos comunitários. A maioria dos empreendedores reside em povoados distantes e estavam excluídos do sistema financeiro. Agora, eles recebem uma conta corrente sem custo mensal, um crédito com baixa taxa de juros, sem burocracia e ainda a orientação empresarial dos nossos agentes de microcrédito”, explica.

Regras simples

De acordo com a metodologia do Crediamigo Comunidade, é necessário definir três membros da comissão de coordenação (presidente, tesoureiro e secretário). Os juros do Crediamigo Comunidade são de 1,89% ao mês, acrescidos da taxa de abertura de crédito e seguro prestamista. O prazo para pagamento é de 4 a 12 meses, sem carência, com prestações fixas mensais, com garantia de aval solidário de todos os membros do Banco Comunidade.

Como obter empréstimo no Crediamigo Comunidade

  • Participar de um grupo solidário, constituído voluntariamente de 11 a 30 pessoas, que trabalhem por conta própria, se conheçam e confiem umas nas outras, com o objetivo de obter empréstimo.
  • Os integrantes do grupo solidário não podem ter dependência financeira um do outro.
  • No caso de empréstimo individual, é necessário avalista com renda comprovada.
  • Documentos pessoais (identidade, CPF e comprovante de residência).