O vereador Iran Barbosa (PSOL) usou a tribuna da Câmara de Aracaju, nesta terça-feira (13), para cobrar da Prefeitura uma posição sobre o reajuste salarial dos servidores municipais e denunciar o crescimento nas despesas com cargos comissionados na atual gestão.
A denúncia, inicialmente divulgada pelo Sindipema (Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju), aponta que de janeiro a abril de 2025 a Prefeitura gastou, em média, R$ 11,4 milhões por mês com cargos em comissão — valor que representa um aumento superior a R$ 2 milhões em relação ao mesmo período da gestão anterior, cuja média mensal era de R$ 9,3 milhões.

Em abril deste ano, os gastos atingiram R$ 12,8 milhões, o maior valor já registrado na história da administração municipal. No total, os quatro primeiros meses somam R$ 46 milhões em despesas com CCs.
“Crescimento desproporcional e sem retorno aos servidores”, diz Iran
Para Iran, o aumento expressivo nos gastos com comissionados contrasta com a falta de resposta da Prefeitura à pauta de reajuste salarial dos servidores. “Estamos em maio e ainda não há qualquer posicionamento da administração sobre o reajuste. A inflação está corroendo os salários e o poder de compra está cada vez menor. É necessário que a Prefeitura se posicione, inclusive sobre o piso salarial das categorias que têm esse direito, como os professores”, declarou.
O parlamentar, que também é professor da rede municipal, apresentou os dados levantados pelo Sindipema: em dezembro de 2024, a gestão anterior possuía 2.398 cargos comissionados, com gasto de R$ 10,4 milhões. Já em abril de 2025, o número saltou para 2.894 cargos, elevando os custos a R$ 12,8 milhões.
“Não estamos questionando a legalidade dos CCs, mas sim o discurso de economia administrativa que não condiz com os números. Ao invés de reduzir a máquina pública, a atual gestão está ampliando seus custos em meio a um cenário de incerteza para o funcionalismo”, criticou Iran.

Supersalários e terceirizações
Outro ponto levantado pelo vereador foi a existência de cinco cargos comissionados na Secretaria Municipal de Defesa Social e da Cidadania que, segundo os dados, receberam aproximadamente R$ 36 mil em um único mês. Ainda que o pagamento tenha incluído dois meses acumulados, cada servidor teria recebido R$ 18 mil por mês. “Isso cria um abismo em relação ao salário dos servidores efetivos”, ressaltou.
Iran também questionou a contratação da empresa Fortal Empreendimentos Ltda., do Ceará, por dispensa emergencial de licitação no valor de R$ 69,5 milhões, com contrato válido por 12 meses a partir de fevereiro deste ano. A empresa foi contratada para fornecer 1.438 trabalhadores terceirizados às escolas da rede municipal.
“O reforço nas escolas é necessário, mas esse tipo de contratação precisa ser substituído por concurso público. Não dá mais para naturalizar contratações emergenciais milionárias sem planejamento de longo prazo”, afirmou.
O vereador concluiu cobrando mais responsabilidade da Prefeitura. “É preciso responder aos desafios com seriedade e zelo com os recursos públicos. A transparência e o respeito aos servidores devem vir em primeiro lugar.”