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“Tem que deixar de ser um país de maricas”

Jair Bolsonaro (Foto: Redes Sociais)

O ano era 2020. Ainda no auge da pandemia, o então presidente Jair Messias Bolsonaro criticava a comoção e o temor de parte da sociedade diante da ameaça global da Covid-19. Em tom enérgico durante uma coletiva, disparou que o Brasil precisava deixar de ser um país de maricas, e ainda ironizou ao afirmar que a fala seria “um prato cheio para a urubuzada da imprensa”.

Corta para 2025. Circula nas redes sociais a foto de um homem fragilizado, com tubos saindo de várias partes do corpo e aparência visivelmente debilitada. A imagem foi publicada justamente no domingo de Páscoa, data simbólica que representa a ressurreição do Messias. Coincidência?

Jair Bolsonaro (Foto: Redes Sociais)

Há cerca de dez dias, desde que Bolsonaro passou mal durante uma agenda no Rio Grande do Norte, o ex-presidente vem fazendo relatos quase diários sobre seu estado de saúde, colhendo o engajamento que seu corpo marcado por chagas ainda rende. “Ele nasceu de novo depois da facada”, proclamam os convertidos mais fervorosos.

Não me entenda mal. Esta reflexão não trata de torcer pela recuperação ou pelo definhamento do ex-presidente. O ponto central é observar como as narrativas nas redes sociais se moldam à conveniência e à demanda do momento.

Ontem, o desprezo por quem temia uma doença que matou milhares estava em alta. Hoje, o que ganha espaço são os relatos de um corpo frágil, ‘renascido’, que emociona e amolece os corações de milhões de brasileiros. E amanhã? O que nos espera? Essa é uma pergunta que só Deus — ou o algoritmo — poderá responder.